16.6.10

membranas, 2008


‘Testar identidades nos meus reflexos.
Entre um e outro, refúgios
Refletir imagens nas transparências
E depois destas voltar ao vão
E encontrar-me, sempre, pouco mais nítida
- até ofuscar’

Membranas caracteriza-se por ser uma ação silenciosa, um momento particular que tento resolver a partir de um devaneio sobre o tempo que se prefigura cada vez mais relativo. Quando penso nas relações do tempo presente - o que vivo - o aqui e agora, noto que é um tempo que me foge sem eu me dar conta, que pode tanto se encontrar no futuro ou no passado, mas, sobretudo, que se encontra dormente.

O espelho é o espaço mais fundo que existe. (...) Quem olha um espelho conseguindo ao mesmo tempo isenção de si mesmo, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade é ele ser vazio, quem caminha para dentro de seu espaço transparente sem deixar nele o vestí­gio da própria imagem - então percebeu o seu mistério.[1]



[1] LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

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